FALAM POETAS

Juazeiro, a terra tem poesia, talvez para compensar a falta de chuva. A terra ama poemas e nascem outros frutos.

O nome é poético e musical mais que 90% das cidades distritos e bairros de nosso Brasil. Vou mais além, soamos melhor que o Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Porto Seguro. A poesia vem para confundir... Juazeiro do Norte não é tão musical quanto nós. Talvez percamos apenas para Salvador/Bahia, Itapoá e Amaralina.

Não sei quando começou a poesia na beira desse rio, do lado de cá, onde as palhas do coqueiro e bananeiras fazem chuá e a água beija o cais e trepa nele e algumas vezes beija os pés do povo indo até a prefeitura e adjacências. Sei que deve ter sido num fim de tarde-por do sol ou no amanhecer porque o sol nasce ali por cima de Agronomia e se põe no Rodeadouro. Todos sabem que a lua nasce em Petrolina que é outra menina que também tem nome bonito e musical. As duas cidades formam um par como o dia e a noite numa poesia musical sobre o rio azul e as vezes barrento.

A poesia de Pedro Raimundo, universal em gênero, número e cor. Um poeta preciso arquitetando as palavras quer concreto e abstrato. No trato com as palavras, Dó Drumond. Um requintado humor. Um lirismo jamais visto por meus olhos. Um mestre. O poeta do Angari Euvaldo Macedo Filho. Uma vida poética. Curta mais registrada através de sua dedicação em vida. Euvaldo tinha os olhos de poesia e via os melhores ângulos de uma flor ou de um fato.

José Eurico com sua poesia cheia de humor e irreverência. Um filósofo na prática e que as vezes vai filosofar na praça como aconteceria na Grande Grécia. Sua linha é a estrada que passa pelo núcleo do planeta. Um mestre.

Mauriçola poeta musical e por ser da música seu tema preferido é o amor e a paixão, coisas do ser humano e adorando rara beleza com um arranjo de estrelas, lua, rio, chuva e azul céu. Dádivas da natureza.

A importância da poesia de Manuka. Manuka é telegráfico com seu mini poema, cabendo, numa camiseta ou numa caixa de fósforo. Manuka é poeta da praça de Juazeiro.

Há outros poetas que eu não falei por não conhecer seus versos. Há um poeta de antiga obedecendo todas aquelas rimas, o Dilton Libório, que me mostrou alguns poemas de ótima construção. Babá que é de Curaçá e vive entre nós que já me mostrou seus e de D. Zita de Petrolina que é das melhores pérolas poéticas que Petrolina nos deu além de Geraldinho Azevedo. Tem ainda Josias com publicações em antologias poéticas editadas em Salvador. Estes foram os que mais de destacaram e por isso fotografei mais sei que há outros porque a respiração de Juazeiro é poética. Há outros que nunca escreveram.

Galvão


O BERRO D’ÁGUA

20/02 A 20/03 DE 1989