SEBASTIÃO SIMÃO FILHO

Paraibano, nascido em 29 de março de 1965 na cidade de Souza, Sebastião Simão Filho muito contribuiu com a sua poesia para a riqueza literária de Juazeiro-BA. Filho de Sebastião Simão de Sá e Luzia de Melo Sá, diretor de teatro, solteiro e pai de uma filha, Sebastião fez poesia e teatro nas cidades ribeirinhas, Petrolina e Juazeiro, além de participar de festivais de teatro e de poesia.

Encenou no SESC de Petrolina ”Homens de Papel” de Plínio Marcos e se destacou, dentre vários outros motivos, por declamar seus poemas e os de outros autores, com ênfase, vislumbrando chocar o público com palavras e jargões anti-burgueses e anti-religiosos. Sebastião Simão Filho publicou textos em jornais e o livro Giarmada e Outros Poemas em 1987, com a contribuição da Diocese de Juazeiro por meio de D. José Rodrigues, além de ter participado do movimento Folias Poéticas.


Segundo o autor, sua obra tem influências de Camões, Fernando Pessoa e Manuel Bandeira. Para ele, a arte nada mais é que “a manifestação do inconsciente ou um ato de camuflagem ou de uma rebeldia sarcástica, cínica e saúde”. Atualmente, Sebastião mora em Recife-Pe e dirige o espetáculo Odemar, adaptação do poema "Ode, Maritima", de Fernando Pessoa.

FONTE: "Poética Ribeirinha" de Elisabet Moreira.

POEMAS DE GIARMARDA
I PARTE

VI


Há em mim um instante-silêncio
um instante-silêncio-profundo, quase místico.
Há em mim esse instante em que vou ouvindo e
vendo tudo como tudo é:
vou vendo flores como flores
e ouvindo pássaros como se ouvem pássaros.
É um instante de existencialismo também:
flores são flores,
canto de pássaros é canto de pássaros
e assim, se assim vou,
sem adjetivar nada,
é porque sinto a tua presença ao meu lado.
Nesse instante-silêncio-profundo, quase
místico
só tenho inteligência pra te sentir
e por isso não pondero as flores que vejo
nem o canto dos pássaros que ouço
pois vejo as flores
e ouço o canto dos pássaros
pensando e ouvindo a ti.
No místico que há em mim
eu vou por aí cheio de ti.

(Livro Poemas de Giarmarda (e) outros Poemas, Juazeiro-ba, abril/1987)


Por Edilane Ferreira
Fonte: O arquivo de Maria Franca Pires: memória e história cultural na região de Juazeiro-BA, e a obra “Poética Ribeirinha” de Elizabet Gonçalves Moreira.