Eu agora posso ver
A luta da noite para não se tornar dia, para não anoitecer. Mas ela sabe que tem que ceder o lugar a ele, para que mais tarde ela possa voltar...
Talvez ela faça isso por mim,
Que passei nela acordado com os meus sonhos...
Talvez ela tenha até, com as nuvens, escondido a lua para que eu não sofresse mais... Talvez ela tenha compactuado com a saudade que eu sinto...
Ela penetrou no vazio do meu
Quarto cheio de amor, e assistiu a um filme de amor, comigo e por mim...
A noite viveu a negra solidão
Da noite comigo... Ela tomou-me de mim e me fez estrela derradeira num fim de noite....
Ela se fez por mim, um eterno, manto negro da solidão, e eu me fiz criança para que ela, com seu profundo silêncio pudesse me acalentar...
O silêncio do próprio silêncio na noite da noite!!!
De repente, quando eu percebi ela estava chorando. Não sei bem porque. Talvez chorasse as minhas mágoas, ou mesmo de alegria por ter me encontrado, por ter me percebido parte dela...
Descobri que nos damos bem e totalmente...
Chego até a janela, e vejo meu pobre rio parisiense; testemunha ocular de uma luta pelo meu coração...
“Fim de noite esta manhã”
Meus olhos navegam
Onde meu coração ancora
Nas margens da vida
Onde minh`alma descansa
Nos portos sombrios
Que existem em você
Criança fogueira
Estrela na tarde
Saltando vadia
Nos mares do mundo
Sem tempo ou lugar
Tua vela dourada
Navega sem medo
Qual anjo das águas
Qual vento do sul
Ver-te, ter-te
Amar-te até a morte
Verde, livre, sempre, rosa
Em todas as cores
Por todos os tons
harMONICAmente
melodia sem fim
monumento de paz
(quero deixar meu coração fisgado na foz do teu rio...)
***
Por todo momento
E os seu medo de amar
É que eu procuro sempre
Em mim
Por um momento
A todo instante
Em todas as coisas
Por todos os cantos
No encontro de mãos conhecidas,
Encantadas,
Encontradas,
Em todos os gestos sem mais
Em palavras soltas no ar
Por você
Uma razão para qualquer coisa...
Para qualquer razão...