SALVE, JOSÉ PETITINGA!


As grandes pessoas jamais devem ser esquecidas e, para que isso ocorra, é necessário que os demais saibam quem são, ou quem foram; para que mereçam ser eternizadas. José Florentino de Sena foi um destes homens que nunca devem ser esquecidos. Conhecido como José Petitinga, pseudônimo que ele utilizava para escrever sobre política nos periódicos, e que depois foi registrado em cartório, nasceu na fazenda “Sítio da Pedra” às margens do rio Paraguaçu, termo de Monte Cruzeiro, comarca de Amargosa, no estado da Bahia, em 2 de dezembro de 1866.

Filho de Manoel Antônio de Sena e Maria Florentina de Sena, não teve uma vida de recursos e, devido a isto, não pode prosseguir nos estudos. Entretanto, a sua determinação e sapiência venceram os obstáculos que a vida lhe impôs, e a falta de um curso superior e de recursos pecuniários não foram suficientes para impedir que José Florentino se consagrasse como um ilustre “homem das letras”. Foi um autodidata de infância difícil e talento glorioso.

Desde a juventude redigiu, fundou e colaborou em diversos periódicos, tais como: A Idéia, Gazeta de Amargoza, Neto do Diabo, O Duende, Tentamen, Gazeta da Tarde, Cidade de Juazeiro, Palinuro, Crisálida, Correio do Alagoinhas e Correio do São Francisco. Todavia, o registro de Petitinga nas terras ribeirinhas não está pautado apenas nas suas produções literárias e na sua contribuição na esfera jornalística, além disso, José Petitinga contribuiu para a ascensão da Doutrina Espírita na Bahia que, inclusive, muitos o consideram o percussor.

Apesar de não ser natural da cidade de Juazeiro, o vate fundou no município o "Grupo Espírita Allan Kardec", onde trabalhou intensamente com campanhas que visavam à contrução de casas para as vítimas das enchentes do rio São Francisco. Admirado e querido por todas as classes, Petitinga era dono de um talento incrível. Seus colegas o estimavam e sempre o consultavam quando o assunto era poética e português. Como mesmo afirmou o Dr. Cesar Zama, sobre latim era com ele, sobre português era com o Petitinga. Quem duvida?

O espírita e poeta, José Petitinga, publicou o seu primeiro livro de versos, “Harpejos Vespertinos”, quando ainda não havia completado 20 anos de idade. “Madresilvas” foi o seu segundo livro, considerado pelo Jornal do Comércio o melhor livro de versos publicado na época. As “Tonadilhas” foi a sua última publicação, considerado uma grande evolução das Madresilvas. Embora não sendo natural da cidade de Juazeiro-BA, José Petitinga trouxe grandes contribuições para a construção do patrimônio histórico da cidade, tanto no universo literário como no religioso.

O “homem das letras” se foi. Desencarnou no dia 25 de março de 1939, na cidade de Salvador-BA, mas deixou o encanto e a magnitude de quem sabia recolher da Natureza virgem os grandes ensinamentos da vida, nas suas produções na Terra, que com certeza, ficaram gravadas no coração do povo juazeirense. “Ergamos a voz, collegas/E ao nosso mestre saudamos/Pois a elle nós devemos/Carinho, amor, gratidão/Como guia experiente/É elle que nos conduz/Ao vasto templo da Luz/Em busca da perfeição [sic]”. Façamos nossas as palavras do grande poeta juazeirense e amigo de Petitinga, Joaquim Luiz de Queiroz, na poesia “Salve, José Petitinga!”, em homenagem ao vate.

Só existe literatura pelas obras que vivem, pelo livro que é lido e pelas poesias que são sentidas permanentemente e não momentaneamente. José Petitinga viveu para fazer o bem ao próximo e para encantar a todos, com o jeito que só ele tinha, de emocionar com as palavras. “Não! Ele não morreu! Seu nome radiante/Não há de si obumbrar na noite do passado/Há de a treva vencer de bênçãos circundado/E projetar-se alem-na História triunfante [sic]”. Salvemos a memória e a produção literária deste grande poeta, não o deixemos cair no esquecimento das gerações.


Por Edilane Ferreira, estudante de Comunicação Social Jornalismo em Multimeios na UNEB e Letras Português na UPE, bolsista do projeto O arquivo da professora Maria Franca Pires: memória e história cultural em pesquisa na região de Juazeiro-BA, fonte para a construção deste artigo.