É CARNAVAL!

Entre pápeis, imagens e sons, o projeto “O arquivo da professora Maria Franca Pires: memória e história cultural em pesquisa na região de Juazeiro-BA.”, rememora, por meio do acervo legada pela professora Maria Franca Pires (1899-1988), os grandes carnavais juazeirenses.


CARNAVAL É CARNAVAL
(Crônica de Luiz Freire – Por Marta Luz, transmitida na Rádio Juazeiro.)

Não me venham dizer que o tema já está por demais batido, carnaval é carnaval no ontem, hoje e daqui para frente. Afinal, é uma festa que se identifica com a vibração estonteante do brasileiro. Sociólogos e psicólogos preocupam-se com o reinado contagiante. As interpretações repousam o desabafo das amarguras da vida, o extravasamento de complexos e na necessidade de valorização.
Para nós leigos, o que conta é a vontade refreável de pular, gritar, sambar, beber e descontrair-se de sábado até terça, para descansar na quarta. Com máscara ou sem ela, na medida em que se queira afirmar-se como súdito do rei momo, com fantasia de bom ou mau gosto, modesta ou luxuosa, estando em jogo a preferência própria ou as reais condições financeiras, o estado de espírito do folião é um só na explosão da alegria coletiva.
Também é época propícia para os dramas, comédias e tragédias. No auge da folia carnavalesca, o mocinho virou mais um copo de uísque, testou a cuca, relanceou as vistas e deparou lá fora no jardim da praça sua paquera em doce franzi com outro. Partiu para o local como um doido, e não era ela, era outra. Desculpou-se, pois estava à procura de cintura fina, seu rosto amor. Informou-se de que a garota dos seus sonhos tomara um táxi e se mandara com outro. Procurou ser forte, não ia perder-se numa tragédia, mulheres existem a tantas, por que se aborrecer com a traição de cintura fina?
Em crise de vômitos, e rescendendo à bebidas alcoólicas, foi-se para casa. Estendeu-se no sofá cama e sem precisar de maior esforço, dormiu. Horas depois, aliviado, o mocinho sentiu o perfume e o calor de cintura fina juntinho a ele. Abriu os olhos, sorriu. Aí, outra cena: meu bem, meu amor por que fugistes? Ela retrucou o braço brandamente, plena de meiguice. Não fugi, sai com meu mano para socorrer tua irmã que estava passando mal nos braços do namorado. Depois eu conto. Epílogo: se abraçaram e se beijaram ardentemente, o resto é segredo de madrugada carnavalesca.


Por Edilane Ferreira, bolsista do projeto
“O arquivo da professora Maria Franca Pires: memória e história cultural em pesquisa na região de Juazeiro-BA.”(Fonte desta publicação), estudante de Comunicação Social-Jornalismo e Multimeios (UNEB) e de Letras Português (UPE).
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