OLAVO BALBINO OU OLAVO BALBYLO


Fragmentos da vida de Olavo Balbino

O professor Olavo Balbino, nasceu em 4 de dezembro de 1891 na cidade de Salvador-BA. Filho do comerciante da capital baiana, João Tavares da Silva, e de Julia Máxima Balbino, Olavo veio se estabelecer na cidade de Juazeiro, ainda na infância. Nesta época, o garoto teve paralisia infantil e, desde então, veio a puxar da perna esquerda.
Começou a trabalhar cedo. Aos 15 anos de idade já trabalhava na arte gráfica. Também foi bastante influente na área jornalística, envolveu-se com os jornalistas e poetas, José Petitinga e Joaquim de Queiroz. Além disso, Olavo foi sócio de Souza Filho na parte econômica do jornal, “Correio do São Francisco”.
Casou-se com a jovem Anísia da Costa Balbino, teve nove filhos, e inúmeras crianças estimadas por ele, devido à sua profissão. Olavo foi um professor de grande fama e conceito, que muito contribuiu para a educação juazeirense. Fundou o “Colégio Aprígio Duarte Filho”, por meio do qual preparava os alunos até o quarto ano primário e, depois, dava um curso especial, para que estes fizessem o exame de admissão em Salvador.
O professor conseguiu com o grande jornalista Aprígio Araujo, no seu semanário “O ECO”, uma das subdivisões titulada “Coluna Infantil”, afim dos alunos explanarem suas idéias. “Diante do calafrio que se apodera do orador neófito, mandei construir uma tribuna para que os meus alunos pudessem treinar todas as noites, afim de aprenderem a arte da declamação pública. Os loiros alcançados excederam à minha expectativa”, confessou Olavo em seu “Manifesto a Juazeiro”.
Olavo Balbino fazia o máximo para que os alunos treinassem a oratória, ensinava, pois, o modo de gesticular e as entonações vocais necessárias. No seu colégio mantinha vinte e poucos alunos pobres, gratuitamente, e solicitava às Lojas Maçônicas livros e papéis para estes alunos. Ele fundou uma caixa Escolar particular (a primeira fundada em Juazeiro), e, com o numerário arrecadado, ofereceu roupas, calçados e chapéus aos seus alunos pobres. Muitos desses conseguiram ser diplomados, alguns, alcançaram cargos de destaque nas repartições públicas, e outros, tornaram-se comerciantes, comerciários e operários.

Olavo Balbino: professor e poeta

Além de um ilustre e afeito professor, Olavo Balbino, embora não tenha se dedicado tanto à poesia como o poeta Raul da Rocha Queiroz, também escreveu poesias de grande valor literário. As poesias do professor eram publicadas em periódicos da região, como o jornal “Correio do São Francisco” e jornal “O Eco”, nos quais colaborou também com trabalhos jornalísticos. A poesia a seguir foi publicada em 27 de novembro de 1908, no jornal “Correio do São Francisco”.

Tú és linda, Petit
Não me jures assim
Pois eu morro por tí
E não morres por mim

Se tú amas, Petit
P’ra que fazer assim?
Eu não morro por tí
E tu morres por mim

Os que se amam. Petit
Dizem sempre é assim
Eu não morro por tí
E tu morres por mim [sic].


Juazeiro, 27-11-1908 – Olavo Balbino

Além das publicações em periódicos, Olavo Balbino escreveu rascunhos de poesias que pretendia publicar em um livro denominado “Paliçada”, entretanto, só chegou a publicar os dois sonetos e a quadra que segue adiante:

“NATAL”

Jesus! amparai o nosso lar,
Nesta manha de alegria,
O vosso benévolo olhar,
Contenta-se neste dia!

Salve! Salve! Oh Ano Novo
Que seja muito abundante
E o nosso labor insano
Compensado...edificante

Cristo nasceu! Que alegria
Cantemos hinos de prazer
Para o bom Mestre enaltecer

Gloria! Gloria! ao Nazareno
Com muita crença e fervor
Vinde em nosso auxílio, Senhor [sic].

Olavo Balbino -1952

“CRISTO”

No belo altar da mansão divina
Anjos entoam hinos de gloria,
Àquele de vida perigrina
Bem nos mostra o padrão da história

Aquí, com seu verbo dominante
Amenizava dôres do mendigo;
Alí, curava o agonizante;
Acolá, o cégo do perigo!

Cumprira a missão predestinada,
Com sofrimento do seu destino
A fé, esperança, caridade

Em que lhe dera esta jornada,
Jamais se afastara do seu tino,
De redimir a humanidade [sic].

Olavo Balbino – 1925

“O BENTIVÍ”

Que tens meu bentiví
A este lado caladinho
Tão triste nunca te ví
Oh! meu pobre passarinho

Vem a mim e me confessas,
Bem baixinho a tua dor
Inda que não me peças
Farei preces ao Creador

Ao sair, um amiguinho
De repente entristeceu
E o pobre passarinho
Ruflou as pernas, morreu!... [sic].

Olavo Balbino – 1925.

O professor e poeta passou a assinar o seu nome como Olavo Balbylo, e não mais Olavo Balbino. “Declaro para todos os fins, que desta data em diante, assinar-me-ei OLAVO BALBYLO e não OLAVO BALBINO, conforme vinha firmando meus documentos públicos, oficiais e particulares”. Contudo, percebe-se que as poesias citadas acima foram, ainda, assinadas com o nome de batismo do poeta. Olavo Balbino ou Olavo Balbylo, faleceu em 5 de abril de 1956, na cidade em que ele tanto contribuiu para o crescimento intelectual: Juazeiro-BA.



Por Edilane Ferreira, bolsista do projeto “A arte das letras como manifestação cultural na reconstituição da história regional em Juazeiro-BA”, que está associado ao projeto “O arquivo da professora Maria Franca Pires: memória e história cultural em pesquisa na região de Juazeiro-BA”, fonte desta publicação.