Tio do grande poeta juazeirense, Raul da Rocha Queiroz, Joaquim Luiz de Queiroz nasceu em 6 de agosto de 1880, na cidade de Casa Nova, no estado da Bahia. Apesar de não ser natural da cidade de Juazeiro, Joaquim de Queiroz viveu muitos anos neste município e contribuiu, por meio do universo literário, na construção da memória e cultura histórica desta região. Foi católico nos primeiros anos de sua vida, depois passou a ser espírita fervoroso, assim como o seu amigo e poeta, José Petitinga.
Faleceu em Salvador, um dia depois de comemorar a sua quadragésima quarta primavera. Joaquim Luiz de Queiroz foi um grande poeta, tal qual a sua produção literária, que chegou a ser publicada em revistas de Paris. Este ilustre poeta não teve filhos, pois não casou, mas deixou um legado literário belíssimo, como fruto da sua passagem nestas terras ribeirinhas. Sua passagem pela vida foi curta, ficaram suas poesias:
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RECEBE-OS!...
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Estes meus versos , querida, ao lê-los,
Navegam todos, por entre escolhos,
Na noite escura dos teus cabellos
No dia claro desses teus olhos!
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No mar dos sonhos, coitados,
a toda velocidade...
Nos teus cabelos, que escuridão!
Mas nos teus olhos, que claridade!
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No barco frágil dos meus amores,
De encontro às vagas, vão, submersos,
Sonhando glorias, carpindo dores,
Estes meus pobres e tristes versos.
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Que porto buscam elles, então,
No mar dos sonhos assim correndo?-
Buscam chegar ao teu coração
Para contar-te o que estou soffrendo.
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Nas ondas bravas, ao forte açoite
Da tempestade que os contraria...
teus cabellos é meia noite!
Mas nos teus olhos é meio dia!
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Evoco a musa da Inspiração
Para que façam feliz viagem,
E elevo os olhos para a amplidão,
Pensando sempre na tua imagem!
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Estes meus versos, querida, ao lêl-os,
Navegam todos, por entre escolhos,
À meia noite dos teus cabellos,
Ao meio dia desses teus olhos!
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(Joaquim de Queiroz, 1911).
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MORRENDO E VIVENDO
A Antonio Vargas
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Não nasci p’ra viver; nasci p’ra andar morrendo.
E, sem morrer de vez, morrendo a cada instante,
Quando me julgo morto, eis-me que estou vivendo,
Quando penso viver, me prosto agonizante.
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Da vida para a morte, assim, sendo e não sendo
E da morte p’ra vida a ressurgir constante,
Eu morro sem querer e vivo não querendo,
De diante para traz, de traz para diante.
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Ora me sinto fraco, ora me encontro forte,
E nesse atroz labor, nessa incessante lida,
Não tenho amor à vida, horror me causa a morte.
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Em rápida ascensão ou em veloz descida,
A sorte me procura e em vão procuro a sorte
E a minha própria morte é a minha própria vida.
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(Joaquim de Queiroz, Remanso – 1913)
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